quarta-feira, 5 de março de 2014

Matéria: História da Moto Amazonas

No decorrer das décadas de 70 e 80, era quase impossível um mero mortal ter uma moto de alta cilindrada no Brasil, pois os modelos vendidos no território nacional eram importados e com o valor de aquisição que beirava a estratosfera, então dois mecânicos e também amigos (Luiz Antônio Gomides e José Carlos Biston) revolveram inovar e dar um jeitinho brasileiro para conseguir ter uma moto de alta cilindrada, com um preço compatível com a realidade do povo brasileiro na época.
 
 
A estrutura da primeira “Motovolks” (das fotos acima) foi feita com pedaços dos quadros de uma Harley e de uma Indian 1200, enquanto a parte inferior foi construída artesanalmente e por incrível que pareça, foi aprovada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP.

Logo após essa aprovação, havia a necessidade de um lugar para a fabricação do próximo protótipo (que ostentava detalhes como o painel do Chrysler Esplanada e tanque em forma de caixão), os dois amigos então decidiram abrir uma oficina em São Paulo, na Avenida Dr. Salomão Vasconcelos 668, e construíram mais três Motovolks, cujo paradeiro delas atualmente é desconhecido.
 
 
Mas a história não termina aqui. Uma empresa de São Paulo, a Auto Importadora Ferreira Rodrigues, se interessou pelo projeto dos mecânicos, então nasceu, em 1978, a lendária AMAZONAS, única moto com marcha à ré, que foi considerada na época, a maior motocicleta do mundo. Foi a maior febre em todo o Brasil, pois nesta época, não havia importação de motos no Brasil, e o povo tinha que se conformar com algumas motos nacionais de baixa cilindrada.
 
Deste modo, surgiu a Amazonas Motocicletas Especiais - AME, empresa fundada em 15 de agosto de 1978, no bairro da Penha em São Paulo. A produção dos modelos da marca iniciou rapidamente, após 32 dias depois da criação da AME, com os modelos Turismo Luxo, Esporte Luxo e Militar Luxo. A moto era uma verdadeira salada de peças de carros da época, com peças de: Corcel, Fusca, Puma e até do caminhão 608 da Mercedes.
 
 
Para se ter uma idéia, na época em que ela era fabricada, a Amazonas custava o equivalente a seis unidades da Honda CG125 (pesquisa feita pela Revista Moto Show em 15 de abril de 1983). Nos anos 80, a Amazonas teve seu auge alcançado, com seus modelos sendo exportados para o Japão (onde chegou a ser capa de revista), EUA, Kwait Alemanha, França e Suíça. O modelo possuía dimensões exageradas de 2,32m de comprimento e 1,69m de entre eixos, sua velocidade máxima em testes era entre 133Km/h e 144Km/h e seu consumo de 11Km/l na cidade e 16Km/l em estrada.

 

 
Em 1986 a AME mudava de mãos, sendo adquirida por Guilherme Hannud Filho, mas sua história não iria muito mais longe. Infelizmente, nem tudo foi alegria na existência dessas "grandiosas motocicletas", pois com a abertura da economia brasileira no início da década de 90, as motos importadas vieram com tudo e detonaram com a AME, porque os preços das motos importadas caíram vertiginosamente. A empresa acabou encerrando suas atividades com um total próximo a 450 unidades, das quais mais de 100 destinadas a polícia e exército. Apenas oito unidades com side-car foram fabricadas.
 

 

 
No ano de 2007, chegou a notícia, feita pelo próprio Guilherme Hannud Filho, que havia adquirido a marca em 1986, mas até o momento a marca não conseguiu emplacar o sucesso do passado. Inclusive muitas pessoas nem se quer sabe que a marca ressurgiu das cinzas. Abaixo, a foto de um modelo atualmente vendido, de 250cc:
 
 
Recentemente a revitalizada AME se associou ao empresário Pedro Bronzatti, que produz no interior de São Paulo uma custom com motor Volkswagen de projeto próprio, mas em baixa escala. Quase 100 kg mais leve e mais fácil de ser conduzida, a nova Amazonas está em desenvolvimento com motor equipado com injeção eletrônica e será montada na planta da empresa em Manaus, mas sem data de lançamento ou novas informações.
 
A título de curiosidade, segue a ficha técnica de uma Amazonas 1600 Turismo (1983):
 
- cilindrada: 1584cc
- motor: 4 cilindros refrigerado à ar com duas válvulas por cilindro
- alimentação: carburação dupla
- peso seco: 384kg
- partida: elétrica
- freio dianteiro: disco duplo
- freio traseiro: disco simples
- potência: 56cv a 4.200rpm
- capacidade do tanque: 30 litros
- câmbio: 4 marchas + Ré
- quadro: berço duplo em aço
- suspensão dianteira: telescópica
- suspensão traseira: duas molas
- comprimento: 2,32m
- largura: 1,05m
- entre eixos: 1.69m
- velocidade máxima: cerca de 140 km/h
- aceleração 0 a 100: cerca de 10 segundos

 
 
Revista Duas Rodas - Agosto de 1978.
 


 

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