No
decorrer das décadas de 70 e 80, era quase impossível um mero mortal ter uma
moto de alta cilindrada no Brasil, pois os modelos vendidos no território
nacional eram importados e com o valor de aquisição que beirava a estratosfera,
então dois mecânicos e também amigos (Luiz Antônio Gomides e José Carlos
Biston) revolveram inovar e dar um jeitinho brasileiro para conseguir ter uma
moto de alta cilindrada, com um preço compatível com a realidade do povo
brasileiro na época.
A
estrutura da primeira “Motovolks” (das fotos acima) foi feita com pedaços dos
quadros de uma Harley e de uma Indian 1200, enquanto a parte inferior foi
construída artesanalmente e por incrível que pareça, foi aprovada pelo
Instituto de Pesquisas Tecnológicas da USP.
Logo após essa aprovação, havia a necessidade de um lugar para a fabricação do próximo protótipo (que ostentava detalhes como o painel do Chrysler Esplanada e tanque em forma de caixão), os dois amigos então decidiram abrir uma oficinaem São Paulo , na Avenida
Dr. Salomão Vasconcelos 668, e construíram mais três Motovolks, cujo paradeiro
delas atualmente é desconhecido.
Logo após essa aprovação, havia a necessidade de um lugar para a fabricação do próximo protótipo (que ostentava detalhes como o painel do Chrysler Esplanada e tanque em forma de caixão), os dois amigos então decidiram abrir uma oficina
Mas
a história não termina aqui. Uma empresa de São Paulo, a Auto Importadora
Ferreira Rodrigues, se interessou pelo projeto dos mecânicos, então nasceu, em 1978, a lendária AMAZONAS,
única moto com marcha à ré, que foi considerada na
época, a maior motocicleta do mundo. Foi a maior febre em todo o Brasil, pois
nesta época, não havia importação de motos no Brasil, e o povo tinha que se
conformar com algumas motos nacionais de baixa cilindrada.
Deste
modo, surgiu a Amazonas Motocicletas Especiais - AME, empresa fundada em 15 de
agosto de 1978, no bairro da Penha em São Paulo. A produção dos modelos da marca
iniciou rapidamente, após 32 dias depois da criação da AME, com os modelos
Turismo Luxo, Esporte Luxo e Militar Luxo. A moto era uma verdadeira salada de
peças de carros da época, com peças de: Corcel, Fusca, Puma e até do caminhão
608 da Mercedes.
Para
se ter uma idéia, na época em que ela era fabricada, a Amazonas custava o
equivalente a seis unidades da Honda CG125 (pesquisa feita pela Revista Moto
Show em 15 de abril de 1983). Nos anos 80, a Amazonas teve seu auge alcançado, com
seus modelos sendo exportados para o Japão (onde chegou a ser capa de revista),
EUA, Kwait Alemanha, França e Suíça. O modelo
possuía dimensões exageradas de 2,32m de comprimento e 1,69m de entre eixos,
sua velocidade máxima em testes era entre 133Km/h e 144Km/h e seu consumo de
11Km/l na cidade e 16Km/l em estrada.
Em
1986 a
AME mudava de mãos, sendo adquirida por Guilherme Hannud Filho, mas sua
história não iria muito mais longe. Infelizmente, nem tudo foi alegria na
existência dessas "grandiosas motocicletas", pois com a abertura da
economia brasileira no início da década de 90, as motos importadas vieram com
tudo e detonaram com a AME, porque os preços das motos importadas caíram
vertiginosamente. A empresa acabou encerrando suas atividades com um total
próximo a 450 unidades, das quais mais de 100 destinadas a polícia e exército.
Apenas oito unidades com side-car foram fabricadas.
No
ano de 2007, chegou a notícia, feita pelo próprio Guilherme Hannud Filho, que
havia adquirido a marca em 1986, mas até o momento a marca não conseguiu
emplacar o sucesso do passado. Inclusive muitas pessoas nem se quer sabe que a
marca ressurgiu das cinzas. Abaixo, a foto de um modelo atualmente vendido, de
250cc:
Recentemente
a revitalizada AME se associou ao empresário Pedro Bronzatti, que produz no
interior de São Paulo uma custom com motor Volkswagen de projeto próprio, mas
em baixa escala. Quase 100 kg
mais leve e mais fácil de ser conduzida, a nova Amazonas está em
desenvolvimento com motor equipado com injeção eletrônica e será montada na
planta da empresa em Manaus, mas sem data de lançamento ou novas informações.
A
título de curiosidade, segue a ficha técnica de uma Amazonas 1600 Turismo
(1983):
-
cilindrada: 1584cc
-
motor: 4 cilindros refrigerado à ar com duas válvulas por cilindro
-
alimentação: carburação dupla
-
peso seco: 384kg
-
partida: elétrica
-
freio dianteiro: disco duplo
-
freio traseiro: disco simples
-
potência: 56cv a 4.200rpm
-
capacidade do tanque: 30
litros
-
quadro: berço duplo em aço
-
suspensão dianteira: telescópica
-
suspensão traseira: duas molas
-
comprimento: 2,32m
-
largura: 1,05m
-
entre eixos: 1.69m
-
velocidade máxima: cerca de 140
km/h
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