segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Problemas...

Depois da viagem ao Dukes algo me dizia que eu e o Kinha íamos passar por uma fase meio tenebrosa. Melhor dizendo, já era algo previsto, mas que me deu muita dor de cabeça e parece que ainda vai dar mais.

Bom, como havia dito na postagem sobre a viagem aos Dukes, eu fiz todo percurso, ida e volta mais de mil quilômetros, com o carro ruim. Fui de teimoso, apenas seguindo as recomendações do meu mecânico de “não forçar” muito, tipo máxima de 80 km/h.

Uma semana após o evento no Rio de Janeiro, levei o carro ao Cyro, meu mecânico e dono da Oficina Rafaela, para fazer uma avaliação. Sabendo que havia folga no cabeçote e um ruído possivelmente vindo do comando foi necessário a abertura do bloco e ao abri-lo, bingo! Folga no comando que, além disso, estava sem três dentes na engrenagem.

Para deixar a máquina em dia foi necessário investir mil reais na mão de obra, oitocentos reais da retífica (bloco, camisas, cabeçotes e virabrequim), além de mil reais em peças. Isso sem falar no prazo de aproximadamente 15 dias para finalizar o serviço. Aproveitei e entrei de férias só para poder acompanhar, de perto, o serviço.

O que muito me entristeceu foi lembrar que em janeiro desse ano eu havia pago três mil pelo motor, além dos quatrocentos reais para regularizá-lo junto ao DETRAN. O inesperado foi seis meses depois ter que investir mais três mil para arrumá-lo. Na boa, sei que problemas assim são previsíveis ainda mais levando em consideração as condições dele, só não esperava que fosse tão cedo.

Com o serviço autorizado, e pago, começaram os aborrecimentos. Cyro passou para seu outro mecânico, segundo ele um conhecedor da mecânica vw boxer, todo o serviço. O problema é que o cara é preguiçoso, relaxado e acreditem: Surdo! Era preciso falar alto ao pé do ouvido para ele entender. Com o tempo o questionei sobre o uso de aparelho auditivo, mas ele disse que o suor atrapalhava na fixação do mesmo aos ouvidos, por isso não os usava.

Como estava de férias, todos os dias eu chegava às 8 horas a oficina e voltava para casa quando era fechada, só me ausentando para almoçar. Ficava num canto só observando o trabalho do mecânico. Nisso pude vê-lo misturando os parafusos, porcas e arruelas das latas com os do motor. Por três vezes ele soltou, a menos de um palmo de distância, o motor no chão por não aquentar o peso do mesmo, sem falar que usava o porta malas do meu carro para guardar o motor depois de desmontado.

No mesmo dia reclamei com o Cyro sobre que estava acontecendo e pedi para que ele mesmo mexesse no motor, não queria mais ver o outro mecânico naquele serviço. Disse ainda que não queria peças do motor no porta malas, pois poderiam marcar o metal por dentro caso o capô fosse fechado acidentalmente. Como o bloco e outros componentes estavam na retífica, Cyro disse que assim que chegassem ele faria a montagem e finalização do serviço para mim.

Passado quatro dias as peças chegaram e eis que vejo o “surdo” montando o motor e o Cyro mexendo num carro que havia acabado de chegar. Na boa, não sou de discutir, brigar ou coisa parecida, mas aquilo foi me dando uma raiva... Pô, se falou que ia montar e finalizar o serviço, então por que ele não estava lá? Ao questioná-lo ele disse que pensou melhor e como, desde o começo, já havia combinado o valor “daquele serviço” com o surdo ficaria chato tirá-lo do cara, mas me tranquilizou dizendo que falou com ele para ter mais cuidado, pois eu estava observando seu trabalho, além de ser cliente antigo e bom pagador, mas quem disse que resolveu.

No dia seguinte é chegado o momento de fechar o bloco e começar a montar o motor. Foi aí que voltei a me aborrecer. Lembra das porcas, parafusos e arruelas misturados? Então, ele montou o motor, só que com tudo trocado. Reclamei disso com ele, mas sempre tinha um argumento para tudo. Falei com o Cyro e este me disse deixasse assim que depois iria consertar, senão atrasaria mais o serviço. Na boa, acabei tomando raiva do Cyro e detonei seus serviços para os fusqueiros que o conhecia e o feedback não foi surpresa.

Bom, motor no carro era hora de fazê-lo funcionar. Colocado óleo e pronto, mas o carro não trabalhava direito e logo culparam o distribuidor. Puseram outro para testar e melhorou o funcionamento. Questionei que o meu distribuído (um Bosch) estava bom, mas eles disseram que estava com problema, na verdade eles o estragaram e não quiseram assumir. Pô, não teve jeito, precisei comprar um novo e de marca genérica (Euro), não achei da Bosch, para colocar no lugar e o carro pegou redondinho após regulagens.

Ao final Cyro deu garantia de 10 mil quilômetros no serviço e mandou que rodasse mil quilômetros antes de fazer a troca do óleo e a regulagem das válvulas, porém, sem pegar pesado, no máximo 80 km/h. Uma semana depois, tendo rodado uns 300 km, ao ligar o carro notei aquele barulho grosso e abafado de quando estava com folga no cabeçote. Levei o carro à oficina e novamente o problema havia voltado. Aquilo foi a gota d’água, discuti com Cyro ao lembrá-lo que se ele tivesse cumprido sua palavra de montar e finalizar o motor talvez o motor não estaria com problema.

Em meio à discussão acalorada o motor foi removido do carro, assim como seus cabeçotes e camisas. Foi então que constatou-se que além da folga os cabeçotes estavam com folga em 3 das 4 guias de válvula, fazendo-os retornarem a retífica. Nisso lá se foi mais um dia perdido, sem falar no clima chato dentro da pequena oficina. Assim que os cabeçotes voltaram Cyro, dessa vez, assumiu o serviço ficando até tarde da noite, segundo ele, montando tudo para que no dia seguinte pudesse me entregar o carro.

Ao chegar à oficina me deparo com o motor (e todos os parafusos e arruelas em seus devidos lugares, dessa vez nos lugares corretos) no carro. Dado a partida foi feito a regulagem do ponto saí com o carro e continuei rodando até alcançar a quilometragem restante para a troca do óleo e regulagem das válvulas.

Bom, quase dois meses depois e ainda tendo feito uma pequena viagem pelo interior do estado, atingi a quilometragem. Contudo, aproximadamente cem quilômetros antes eu percebia que o carro estava dando uma leve engasgada que depois parava, pensei que fosse algo relacionado ao ponto, giglê ou qualidade da gasolina, que agora vinha com 27% de álcool.

Na oficina, depois de relatado o problema dos engasgos, foi unânime o diagnóstico para gasolina, mas ao abrir a tampa para regulagem das válvulas, eis o real motivo: uma mola de válvula quebrou em duas partes, ou seja, o carro não estava engasgando e sim rateando! E agora, aonde eu acharia essa mola? Cyro disse que provavelmente na retífica poderia ter algumas sobrando. Então ele ligou e pronto, eles tinham era só eu levar a que estava quebrada para que eles me dessem uma similar.



De posse da mola retornei a oficina, para ver meu motor ser, mais uma vez, retirado do carro. Cyro disse que tentaria colocá-la no lugar sem que fosse necessário baixar o motor. Após improvisar uma ferramenta e algumas horas o carro ficou pronto. Contudo, hoje depois de ter rodado quase dois mil quilômetros, noto que o engasgo voltou e para piorar, parece que um leve barulho de folga no cabeçote esta se formando. Relatei isso ao Cyro e agendei uma visita a oficina, agora é esperar pelo diagnóstico.

Só um desabafo... São problemas como esse que fazem algumas pessoas, como eu, a desistirem de seus clássicos. Hoje esta cada vez mais difícil achar mão de obra qualificada que entenda de carros antigos. Aqui no Espírito Santo praticamente tem pouca gente entendida no assunto e, além disso, esses “entendidos” não enxergam nossos carros como um clássico e sim como um carro velho. É desanimador você cuidar com todo carinho do seu veículo e quando tem que entregá-lo numa oficina precisa fazer um monte de recomendações que nem seriam necessárias. Uma pena ainda não termos empresas com mão de obra capacitada em atender o público antigomobilista que é cada vez crescente e exigente.

5 comentários:

  1. Realmente Célio é difícil encontrar profissionais que queiram trabalhar em carros clássicos, os mecânicos em minha cidade (Nova Xavantina-MT) lidam com o meu fusca como se fosse um carro problema que nem compensa mexer. Nossa acho que todos os mecânicos da cidade conhecem o meu fusquinha e só querem saber de levar meu dinheiro pporque concertar mesmo nada, aff!!

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    1. Infelizmente é uma triste realidade, espero que com essa onda de "antigomobilismo" que a cada dia cresce mais, acabe que de certa forma forçando certos profissionais a se especializarem na mecânica clássica e seus motores carburados. Abç

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  2. Muito triste ver o quanto gastou e ainda teve problemas com mao de obra bem paga por sinal....
    Graças a deus meu Mecanico gosta mais de fuscas que eu e quando mexemos e sempre com muito carinho e paciencia mas nao desanime nao continue procurando que nesse brasil sempre achamos apaixonados que vao cuidar dos nossos fuscas melhor que nos mesmos abraço a todos

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    1. Pois é Henrique, desanimar eu não desanimo, até porque o pior de tudo já passou (a reforma), mas que dá vontade de chutar o balde, há, isso dá... rs
      Abç

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  3. Tive um Chevrolet Belair 55 e tenho um Fuscão 73. O que eu sei fazer, prefiro fazer eu mesmo. Hoje em dia temos trocadores de peças, poucos mecânicos são capazes de fazer um diagnóstico, consertar e regular o que for preciso. Nem falo de organização e capricho, o que raramente se vê ou se via em outros tempos. Quase todos os "mecânicos" aprenderam fazendo sem consultar manuais ou livros técnicos, e muitos deles acham que não precisam disso e que sabem mais do que os manuais dizem.
    Ter um antigo dá trabalho porque peças boas são raras e mão-de-obra boa é difícil de achar. Meu Fusca está parado há uns anos por isso mesmo...

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