sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Matéria: O Fusca que atravessou o mundo três vezes

Outra matéria interessante, publicada no FlatOut, sobre a história de um Fusquinha que andou pra caramba (apenas três voltas ao mundo) e ainda continua rodando com muito estilo.
 
Vamos lá...
 
 
A história do Fusca que atravessou o mundo três vezes — e continua rodando
 
 
Em 1951, o jovem Wolfgang Paul Loofs foi um dos milhares de alemães que emigraram do país para escapar da ocupação russa, estabelecida em 1949. Com um irmão morto na guerra e uma irmã desaparecida em um campo de concentração, ele não pensou duas vezes quando viu que o Canadá precisava de mineradores na cidade de Trail, na fronteira com os EUA: se inscreveu para trabalhar no Novo Mundo.
 
Foi na Inglaterra, como intercambista (um dos primeiros estudantes de intercâmbio no país) que ele soube que os canadenses precisavam de mão de obra e, já que estava fora da Alemanha e não tinha muito a perder, ele acabou pegando um navio.
 
Em pouco tempo ele já não estava arrancando minérios, e sim os analisando em um laboratório. Dedicado, em 1957  Loofs já era um cidadão canadense e conseguiu comprar um Fusca 1955 — semi novo, muito bem conservado. Foi o carro que mudou sua vida — na verdade, as coisas mudavam sempre muito rápido na vida de Loofs, o que contrasta muito com sua personalidade calma, de fala lenta e tranquilizadora.
 
 
Naquele mesmo ano, Loofs descobriu que um de seus irmãos, que havia sobrevivido à guerra, foi trabalhar com uma equipe de filmagem na Terra do Fogo — o arquipélago no extremo sul do planeta. E então, ele decidiu que iria visitar seu irmão na América do Sul. Como ele faria isto? Dirigindo, claro!
 
Wolfgang Paul Loofs partiu no dia dois de 1957 e rumou ao sul. Atravessou os EUA, a América Central e a América do Sul — muitas vezes, por lugares que não tinham nem estradas. Contudo, o Fusca era — nas palavras dele — um carro relativamente barato de comprar e manter, e simples também, o que o fez colocar à prova seus dotes de mecânica e aperfeiçoá-lo. O fato de o motor ser refrigerado a ar ajudava, também, pois não foram poucas as vezes em que ele mal conseguia água para beber — imagine para colocar em um radiador!
 
A primeira viagem durou 196 dias e consistiu em 61.000 km, dos quais 42.000 foram percorridos sobre terra e 19.000 pela água — ou a distância de uma volta ao mundo e meia. As viagens pela água foram em balsas, para atravessar rios e canais, e também pelo Atlântico, pois Loof decidiu visitar a família na Europa.
 
 
Em cada uma de suas aventuras, Loofs dava um nome ao Fusca 1955 — nesta primeira, sem saber direito como seriam as coisas e sabendo que viajaria por vários países que falavam espanhol, ele chamou o carro de Fe en Dios, ou “Fé em Deus”.
 
A segunda viagem foi até a África e, novamente, Loofs fez questão de cumprir boa parte do trajeto por terra. Partindo em 1961, ele viajou por 183 dias e percorreu 60,8 mil km — velejando dos EUA, atravessando o continente africano de carro, velejando para a Austrália, atravessando o continente de carro (de novo) e velejando de volta à América do Norte. Desta vez o carro foi batizado de Malgré Tout, ou “Apesar de Tudo” em francês.
 
Paul pegou gosto pela coisa e decidiu viajar de novo em dezembro de 1966 — e, sabiamente, batizou o carro de Once More, ou “Mais uma Vez” em inglês. Ele saiu de São Francisco de barco e dirigiu por todo o sudeste da Ásia, atravessou o Oriente Médio e a Europa e velejou para Montreal, no Canadá. Foram 63,5 mil km em 172 dias.
 
As rotas das três viagens de Paul.
 
Ele nunca foi um cara rico e, nas três viagens, decidiu gastar o mínimo possível. Os reparos no carro eram quase todos realizados por ele mesmo, o pouco dinheiro que tinha era usado para comer e, em vez de gastar com hospedagem, Loofs transformou o Fusca em sua casa sobre rodas. Agora, se o Fusca mal tem espaço para uma família de quatro pessoas, como alguém poderia morar nele por tanto tempo?
 
Não foi tão difícil: depois de se convencer que podia morar em um Volkswagen fabricado em 1955, Paul tirou o banco do carona e o banco traseiro para dar lugar a um colchonete, seus pertences e um fogão portátil. Ele não precisou de muito mais que isso para se tornar um dos homens mais viajados do mundo — e cheio de histórias para contar, como pode ser visto no vídeo abaixo, feito pela Volkswagen do Canadá e lançado em dezembro de 2013. É o tipo de coisa que você precisa assistir para entender.


Depois de viajar com o carro por tanto tempo, Paul vendeu o carro de volta para a Volkswagen por meros US$ 110, e os direitos de imagem por mais US$ 25. A marca levou o carro para diversas concessionárias pelos EUA até 1973, quando foi vendido a um novo dono, que o vendeu para um empreiteiro canadense chamado Emmanuel Thuillier, morador de Ontario, em 2010.
 
 
A Volkswagen conseguiu rastrear Thuillier e, em junho do ano passado, promoveu o reencontro entre Paul e seu Fusca. Ao entrar no carro pela primeira vez em mais de quarenta anos e colocar as mãos sobre o volante, ele só disse “preciso sair daqui antes que comece a chorar” — e riu. É o tipo de coisa que se pode esperar de um cara que atravessou o mundo e morou em um Fusca por quase dez anos, não é?
 
 
 
Fonte:
http://www.flatout.com.br/historia-fusca-que-deu-volta-ao-mundo-tres-vezes-e-continua-rodando/

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