Outra matéria interessante,
publicada no FlatOut, sobre a
história de um Fusquinha que andou pra caramba (apenas três voltas ao mundo) e
ainda continua rodando com muito estilo.
Vamos
lá...
A história do Fusca que atravessou o
mundo três vezes — e continua rodando
Em
1951, o jovem Wolfgang Paul Loofs foi um dos milhares de alemães que emigraram
do país para escapar da ocupação russa, estabelecida em 1949. Com um irmão
morto na guerra e uma irmã desaparecida em um campo de concentração, ele não
pensou duas vezes quando viu que o Canadá precisava de mineradores na cidade de
Trail, na fronteira com os EUA: se inscreveu para trabalhar no Novo Mundo.
Foi
na Inglaterra, como intercambista (um dos primeiros estudantes de intercâmbio
no país) que ele soube que os canadenses precisavam de mão de obra e, já que
estava fora da Alemanha e não tinha muito a perder, ele acabou pegando um
navio.
Em
pouco tempo ele já não estava arrancando minérios, e sim os analisando em um
laboratório. Dedicado, em 1957 Loofs já
era um cidadão canadense e conseguiu comprar um Fusca 1955 — semi novo, muito
bem conservado. Foi o carro que mudou sua vida — na verdade, as coisas mudavam
sempre muito rápido na vida de Loofs, o que contrasta muito com sua
personalidade calma, de fala lenta e tranquilizadora.
Naquele
mesmo ano, Loofs descobriu que um de seus irmãos, que havia sobrevivido à
guerra, foi trabalhar com uma equipe de filmagem na Terra do Fogo — o
arquipélago no extremo sul do planeta. E então, ele decidiu que iria visitar
seu irmão na América do Sul. Como ele faria isto? Dirigindo, claro!
Wolfgang
Paul Loofs partiu no dia dois de 1957 e rumou ao sul. Atravessou os EUA, a
América Central e a América do Sul — muitas vezes, por lugares que não tinham
nem estradas. Contudo, o Fusca era — nas palavras dele — um carro relativamente
barato de comprar e manter, e simples também, o que o fez colocar à prova seus
dotes de mecânica e aperfeiçoá-lo. O fato de o motor ser refrigerado a ar
ajudava, também, pois não foram poucas as vezes em que ele mal conseguia água
para beber — imagine para colocar em um radiador!
A
primeira viagem durou 196 dias e consistiu em 61.000 km , dos quais
42.000 foram percorridos sobre terra e 19.000 pela água — ou a distância de uma
volta ao mundo e meia. As viagens pela água foram em balsas, para atravessar
rios e canais, e também pelo Atlântico, pois Loof decidiu visitar a família na
Europa.
Em
cada uma de suas aventuras, Loofs dava um nome ao Fusca 1955 — nesta primeira,
sem saber direito como seriam as coisas e sabendo que viajaria por vários
países que falavam espanhol, ele chamou o carro de Fe en Dios, ou “Fé em Deus”.
A
segunda viagem foi até a África e, novamente, Loofs fez questão de cumprir boa
parte do trajeto por terra. Partindo em 1961, ele viajou por 183 dias e
percorreu 60,8 mil km — velejando dos EUA, atravessando o continente africano
de carro, velejando para a Austrália, atravessando o continente de carro (de
novo) e velejando de volta à América do Norte. Desta vez o carro foi batizado
de Malgré Tout, ou “Apesar de Tudo” em francês.
Paul
pegou gosto pela coisa e decidiu viajar de novo em dezembro de 1966 — e,
sabiamente, batizou o carro de Once More, ou “Mais uma Vez” em inglês. Ele saiu de
São Francisco de barco e dirigiu por todo o sudeste da Ásia, atravessou o
Oriente Médio e a Europa e velejou para Montreal, no Canadá. Foram 63,5 mil km
em 172 dias.
As rotas das três viagens de Paul. |
Ele
nunca foi um cara rico e, nas três viagens, decidiu gastar o mínimo possível.
Os reparos no carro eram quase todos realizados por ele mesmo, o pouco dinheiro
que tinha era usado para comer e, em vez de gastar com hospedagem, Loofs
transformou o Fusca em sua casa sobre rodas. Agora, se o Fusca mal tem espaço
para uma família de quatro pessoas, como alguém poderia morar nele por tanto
tempo?
Não
foi tão difícil: depois de se convencer que podia morar em um Volkswagen
fabricado em 1955, Paul tirou o banco do carona e o banco traseiro para dar
lugar a um colchonete, seus pertences e um fogão portátil. Ele não precisou de
muito mais que isso para se tornar um dos homens mais viajados do mundo — e
cheio de histórias para contar, como pode ser visto no vídeo abaixo, feito pela
Volkswagen do Canadá e lançado em dezembro de 2013. É o tipo de coisa que você
precisa assistir para entender.
Depois de viajar com o carro por tanto tempo, Paul vendeu o carro de volta para a Volkswagen por meros US$ 110, e os direitos de imagem por mais US$25. A marca levou o carro
para diversas concessionárias pelos EUA até 1973, quando foi vendido a um novo
dono, que o vendeu para um empreiteiro canadense chamado Emmanuel Thuillier,
morador de Ontario, em 2010.
Depois de viajar com o carro por tanto tempo, Paul vendeu o carro de volta para a Volkswagen por meros US$ 110, e os direitos de imagem por mais US$
A
Volkswagen conseguiu rastrear Thuillier e, em junho do ano passado, promoveu o
reencontro entre Paul e seu Fusca. Ao entrar no carro pela primeira vez em mais
de quarenta anos e colocar as mãos sobre o volante, ele só disse “preciso sair
daqui antes que comece a chorar” — e riu. É o tipo de coisa que se pode esperar
de um cara que atravessou o mundo e morou em um Fusca por quase dez
anos, não é?
Fonte:
http://www.flatout.com.br/historia-fusca-que-deu-volta-ao-mundo-tres-vezes-e-continua-rodando/
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