Lendo
uma edição da Revista Fusca & Cia, me deparei com essa matéria muito
interessante sobre o emprego do Fusca como viatura de polícia, sendo assim,
resolvi compartilhar. Quem quiser ler toda a matéria, aí esta a capa do exemplar. Só lembrando que as fotos não são as mesmas da matéria
impressa, mas valem como referência.
Vamos lá...
Positivo e Operante
POR
MAIS DE QUATRO DÉCADAS, O FUSCA TAMBÉM SE DESTACOU NA DURA TAREFA DE VIGIAR,
PROTEGER E MANTER A ORDEM NA SEGURANÇA PÚBLICA.
Ao
longo de sua existência, o Fusca cativou gerações como sinônimo de
durabilidade, economia, praticidade, valentia, entre outros adjetivos que
ressaltavam a confiabilidade mecânica, a destreza e o valor de mercado do
automóvel. Não faz muito tempo, ele também atuou nos mais variados serviços
públicos, papel que lhe garantiu outros significados, inclusive o de defensor
da lei.
Talvez
os mais jovens possam até desdenhar, mas houve uma época em que o soar de uma
sirene precedia o ronco de um motor refrigerado a ar. Eram as chamadas
rádio patrulhas, que botavam os gatunos em alerta no apoio às ações das Polícias
Civil e Militar.
O
Fusca foi incorporado nas nossas forças policiais nas décadas de 50. As
primeiras unidades ainda vinham da Alemanha, mas já eram montadas aqui. Naquela
época, o controle ostensivo da criminalidade no Estado de São Paulo, um dos primeiros
a adotar o “besouro” na frota policial, era responsabilidade da Guarda Civil e
da Força Pública (que se uniram, em 1970, dando origem a Polícia Militar).
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Comando de Policiamento de Área Metropolitano-2 (CPA-M2), localizado em frente ao Aeroporto de Congonhas. |
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Entrega das primeiras viaturas à Guarda Civil, pelo Prefeito Jânio Quadros 1987. |
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Viatura da Força Pública. |
Na
ocasião, o Volkswagen Sedan começou a substituir os grandes e potentes modelos
da Ford e Chevrolet que eram importados. A princípio, essa mudança foi vista
com ceticismo pelos patrulheiros, que achavam o Fusca um carro pequeno e fraco
demais para o serviço policial, recorda o coronel da PM Alaor Silva Brandão, 70
anos, que naquele tempo atuava como chefe da oficina da corporação.
De
acordo com o oficial, no entanto, não demorou para que essa mentalidade fosse
mudada. Por ser robusto e não recuar diante de terrenos difíceis, o besouro
logo ganhou fama entre a corporação como a viatura para qualquer diligência e
ficou conhecido pela alcunha de “baratinha”.
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Baratinha. |
“Certa
vez, já nos anos 80, houve uma ocorrência em uma estrada de terra repleta de
ladeiras. Estava chovendo e nem o Corcel, nem a Veraneio conseguiram transpor a
lama. O único que chegou ao local foi o fusquinha”, destaca o soldado Marcos
Antônio Fazio, de 43 anos, entusiasta e pesquisador do Fusca na área da
segurança pública.
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Difícil de imaginar uma Veraneio não conseguir transpor a lama. |
Os
temores iniciais pela falta de potência também não se confirmaram, já que 90%
da frota do país naquele tempo, e boa parte dos veículos usados pelos bandidos,
era composta por Fuscas. O problema era perseguir os DKW-Vemag, mais velozes e
estáveis, lembra o coronel Brandão.
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Imagina um DKW (motor dois tempos de 3 cilindros) sendo perseguido por um Fusca. |
Mas
a verdade seja dita, o espaço interno do carro, sobretudo no banco traseiro,
era o maior empecilho no dia-a-dia das rondas operacionais. “O mais difícil era
colocar alguém preso dentro do carro. Se já era difícil querer entrar no banco
de trás, imagina acomodar o sujeito que lutava para não ir em cana”, conta o oficial.
Na
época dos primeiros modelos, as baterias de 6 volts também chegaram a causar
transtornos. “Elas simplesmente não aguentavam alimentar o rádio-comunicador e
precisavam ser trocadas a cada 24 horas”, afirma o coronel. “A solução veio de
um oficial chamado Walter Carlson, que teve a brilhante ideia de instalar uma
segunda bateria no carro e outra polia no gerador”, revela.
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Viatura da Dersa equipada com rádio transmissor. |
O
Fusca sobreviveu bravamente na polícia paulistana até meados de 1998.
Atualmente, ainda é possível encontrar um ou outro exemplar no pátio de algumas
delegacias. “Mas são usados apenas para trabalhos administrativos. Não dá mais
para sair atrás de meliante a bordo de fusquinha”, explica o coronel Brandão.
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Provavelmente essa foto é de meados de 1985. Entrega de novas viaturas. |
De
qualquer maneira, não é exagero afirmar que este pequeno grande carro se
aposentou deixando um importante legado na força pública. “Quem trabalhou com
ele não esquece jamais de suas qualidades excepcionais. Ainda hoje não
inventaram um veículo que dê tão pouca manutenção e aguente tanto tranco”,
destaca com saudade o oficial da PM.
TIRO
PELA CULATRA
Insatisfeita
com a demora na entrega das peças de reposição para os Fuscas, a Polícia
Militar paulista resolveu dar uma “lição” na Volkswagen durante a década de 70.
“Éramos o maior cliente da marca, nossa frota ultrapassava as 2.500 viaturas,
mas a fábrica não conseguia fornecer as peças na velocidade com que
precisávamos”, conta o coronel Brandão, na época chefe da oficina da PM. “Foi
então que o alto comando da corporação teve a ideia de comprar alguma unidades
do Corcel; sendo que tudo não passaria de uma jogada para fazer pressão na
Volkswagen e ver eles agilizarem as entregas”, diz.
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Década de 70. Entrega de novas viaturas. |
De
acordo com o oficial, o governo não entendeu a intenção da negociação e acabou
comprando mais Corcel do que deveria. “Foi um verdadeiro desastre”, conta o
coronel. “O carro da Ford não apenas era mais fraco do que o Fusca, como também
não conseguia fazer as rondas nas ruas sem pavimentação da periferia”, afirma
Brandão.
Por
fim, a PM foi obrigada a retirar o Corcel do serviço operacional e passou a
utilizar os poucos carros que resistiram apenas no transporte de pessoal.
Fonte:
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Revista Fusca e Cia. Ano 1 nº 3.